COTIDIANO
Pássaros resgatados em megaoperação contra tráfico de animais são devolvidos à natureza no Paraná
Cinco pássaros das espécies azulão, sabiá-una, pássaro-preto e trinca-ferro foram soltos no Parque Municipal São Francisco de Assis, em Curitiba. Outros 41 animais apreendidos na operação ainda passam por avaliação médica
Paraná
fauna |
27/06/2025 12h08
Começaram a ser devolvidos à natureza parte dos animais silvestres que foram resgatados durante uma megaoperação contra um grupo de tráfico internacional de animais. Na quarta-feira (25), cinco pássaros das espécies azulão, sabiá-una, pássaro-preto e trinca-ferro foram soltos no Parque Municipal São Francisco de Assis, em Curitiba.
As aves passaram por reabilitação no Centro de Apoio à Fauna Silvestre (CAFS). Outros 41 animais – entre répteis, aracnídeos e aves – resgatados na operação estão com o Instituto Água e Terra (IAT), finalizando avaliações clínicas e exames laboratoriais para, então, também poder retornar à natureza, desde que sejam de espécies nativas.
Segundo o IAT, exemplares de espécies exóticas ou que não tenham mais condições de sobreviver no habitat natural serão destinados a estabelecimentos credenciados pelo órgão ambiental, como criadouros, zoológicos e mantenedores.
Para a bióloga do Instituto, Jéssica Jasinski, a soltura dos pássaros trouxe um sentimento de alegria, vitória e paz.
"São todas espécies nativas. E isso para a biodiversidade e conservação da espécie é o essencial. Eles estão aptos pra voo, ainda têm comportamentos selvagens e se alimentam sozinhos", explicou a bióloga.
Guilherme Dias, que é delegado de Proteção ao Meio Ambiente da Polícia Civil do Paraná (PC-PR) também avaliou o momento como muito especial.
"A prisão desses traficantes é importante. Porém, restituir a liberdade desses animais, que seriam destinados a cativeiros e ambientes indignos é a parte mais especial. Essas são só as primeiras solturas, muitas outras ainda virão e esperamos que grande parte desses animais que foram resgatados possam retornar à natureza, que é o lugar que eles nunca deviam ter saído", disse o delegado.
Megaoperação prendeu 16 pessoas e recuperou centenas de espécies nativas e exóticas
No dia 17 de junho, a Polícia Civil cumpriu 38 mandados de busca e apreensão em municípios do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina em endereços ligados a suspeitos de participar do grupo criminoso que traficava animais. Os policiais estiveram em residências, clínicas veterinárias e cativeiros.
A polícia também identificou que o grupo traficava onças, macacos e outros animais silvestres e exóticos. Foram 16 pessoas presas, incluindo um médico veterinário. Os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Os suspeitos são investigados por tráfico de animais, maus-tratos a animais, falsificação de documentos públicos, lavagem de dinheiro e organização criminosa, com penas que podem chegar a 25 anos de prisão.
Segundo a polícia, a ação teve como objetivo desmantelar um dos maiores grupos de tráfico de animais do Brasil, com foco nos distribuidores nacionais sediados em São Paulo e nos distribuidores regionais nos demais estados onde a operação ocorreu.
A ação foi resultado de dois anos de investigações, que revelaram um esquema envolvendo mais de 20 mil membros em grupos clandestinos em aplicativos de mensagens e redes sociais, nos quais agentes da polícia se infiltraram.
Como agiam os criminosos
Se antes os animais eram expostos em feiras, atualmente é no comércio online que são oferecidos, tanto em grupos fechados de aplicativos de mensagens quanto em redes sociais.
Segundo a polícia, na internet os criminosos conseguem esconder identidades, reduzir a perda de animais em cativeiro e ampliar o alcance das vendas.
A investigação também apontou que foram criadas redes de parceria entre traficantes especializados em determinadas espécies. Um deles poderia vender araras e tucanos, enquanto outro fornecia primatas, por exemplo.
A entrega dos animais ocorre de diversas formas, como aplicativos de transporte a ônibus e caminhões, conforme a investigação.
Com informações de G1 Paraná