POLÍTICA
Proposta de implantação de presídio em Marechal Rondon gera debate no Legislativo
Ampla maioria dos edis defende o projeto. Vereadora solicita audiência pública
Mal. Cândido Rondon
legislativo |
03/06/2025 12h38
Durante a sessão de ontem (02) do Poder Legislativo de Marechal Cândido Rondon, a proposta de implantação de um presidio na área rural do município para abrigar 400 presos gerou debate, envolvendo os vereadores Welyngton Alves da Rosa (Coronel Weyngton), defensor do projeto, e a vereadora Tania Maion, que é contrária e pede que assunto seja discutido em audiência pública.
O assunto entrou em pauta com a leitura de um ofício enviado à Câmara de Vereadores pelo coordenador regional do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen) em Cascavel, Thiago da Costa Correia. No documento, ele justifica a importância da implantação do presídio, considerando fatores relacionados à segurança pública e também à economia local.
Um dos primeiros benefícios apontados foi a retirada da atual cadeia pública da área central da cidade, o que acabaria com a sensação de insegurança por se tratar de uma estrutura antiga e inadequada.
Já com a construção do presídio fora da cidade e a forte presença de policiais, garantiu Thiago da Costa Correia, haverá um incremento direto no aparato de segurança. Além disso, a interação constante e técnica com forças como as Polícias Federal e Civil, contribuirá para a proteção regional, especialmente diante da localização fronteiriça do município.
“A presença de uma estrutura prisional em área rural, somada ao aparato técnico e humano treinado, desestimula ações típicas de organizações criminosas”, afirmou o coordenador regional do Depen.
A geração de empregos diretos e indiretos e o fortalecimento da economia local também foram elencados como vantagens. A previsão é de que a unidade a ser construída em Marechal Rondon contará com 80 policiais penais concursados, com média salarial de R$ 9 mil; e outros 55 funcionários terceirizados, com média salarial de R$ 3.200.
Junto a isso, haverá serviços contínuos indiretos dos quais, somente considerando os salários, poderá ocorrer injeção mensal na economia local de cerca de R$ 150 mil, além dos contratos diretos com empresas locais, como mercados, oficinas, postos de combustível e prestadores de tecnologia.
“Além de representar um ganho estrutural para o sistema prisional paranaense, a unidade trará benefícios permanentes à economia, à segurança e ao desenvolvimento urbano de Marechal Cândido Rondon”, concluiu o representante do Depen.
Histórico
A implantação de um presídio em Marechal Cândido Rondon ganhou força nos últimos anos.
Na legislatura passada, em abril de 2024, todos os vereadores à época já haviam encaminhado requerimento ao então prefeito Marcio Rauber, solicitando que a administração rondonense disponibilizasse área apropriada para a instalação de uma cadeia pública ou presídio por parte do Governo do Estado, no município.
Em janeiro deste ano, numa das primeiras ações que uniram os novos representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, foi realizada reunião em Curitiba (PR) com o secretário estadual de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira (Coronel Hudson).
Na oportunidade, o prefeito Adriano Backes, o vice-prefeito Vanderlei Sauer e os vereadores presidente Valdir Sachser e 1º secretário Coronel Welyngton também trataram sobre a implantação do presídio.
No retorno da viagem e na primeira sessão ordinária de 2025, o Coronel Welyngton apresentou requerimento, aprovado por unanimidade, reforçando o pedido para que a Prefeitura disponibilizasse a área para a construção da unidade prisional.
Desde então, o tema tem sido pauta de discussões entre diversos segmentos da sociedade organizada, como a Acimacar, Conselho da Comunidade e Ministério Público, entre outros, que apoiam a iniciativa.
No Poder Legislativo, 12 dos 13 vereadores assumiram posicionamento favorável à proposta.
Audiência pública
A vereadora Tania Maion se manifestou, ontem, contra a proposta e solicitou que a construção do presídio seja debatida em audiência pública.
“Sou contra a penitenciária estadual. A instalação de uma unidade prisional em nossa cidade é um tema extremamente polêmico, que gera divergências em diversos setores da sociedade. A construção desse tipo de estabelecimento pode trazer benefícios em determinados aspectos, porém é fundamental considerar os impactos sociais e econômicos que uma penitenciária estadual pode ocasionar em nossa comunidade. Para que possamos tomar uma decisão que realmente atenda aos interesses da população, é necessário promover um debate amplo e democrático”, afirmou ela na tribuna.
Para a vereadora, é essencial ouvir a opinião dos cidadãos, autoridades locais, representantes de organizações sociais e especialistas em segurança e direito.
“A audiência pública servirá como um espaço de diálogo aberto, permitindo que todos os impactados pela proposta expressem suas opiniões e preocupações. Além disso, será uma oportunidade para esclarecermos dúvidas sobre o projeto”, definiu Tania Maion, que esclareceu ser a favor da retirada da cadeia pública da área central da cidade, e que seja construída uma nova unidade em local mais adequado.
“Tenho consciência do estado em que está a cadeia pública. Ela é extremamente precária não tem como você conviver ali dentro, principalmente quando está com superlotação. Por isso eu sou a favor que seja realmente tomada uma medida. Mas, será que a penitenciária estadual é a única medida que nós podemos tomar?”, questionou.
Contra a desinformação
Por outro lado, também na tribuna, o Coronel Welyngton fez a defesa da implantação do presídio no município.
Ele embasou sua justificativa afirmando que a atual cadeia pública, que abriga mais de 90 presos, “é um barril de pólvora, com seus trabalhadores pedindo socorro devido às condições precárias de segurança e infraestrutura. Essa superlotação e falta de estrutura comprometem a segurança dos servidores, dos detentos e da sociedade como um todo. É essencial garantir um espaço adequado para a ressocialização, proporcionando dignidade aos presos, aos policiais penais, aos advogados e às famílias dos profissionais”.
O vereador lembrou que, por desinformação, há poucos anos Marechal Rondon perdeu a construção de uma Delegacia Cidadã, que teria sido transferida para Guaíra devido à falta de apoio local. “Essa mudança resultou em uma perda de R$ 10 milhões em investimentos que poderiam ter beneficiado nossa cidade”, lamentou o Coronel Welyngton.
Ele defende que esse erro não deve ser repetir: “agora, temos uma nova oportunidade, a construção da unidade prisional, um investimento de R$ 30 milhões, longe do centro urbano, garantindo mais segurança e melhores condições para todos”.
O vereador citou que também em Guaíra, a nova penitenciária gerou 180 empregos e trouxe benefícios significativos à segurança pública.
“Portanto, precisamos combater a desinformação e evitar que Marechal Cândido Rondon perca mais uma oportunidade de crescimento. Antes de emitir opiniões equivocadas, é essencial conhecer a realidade do sistema penal em nossa cidade. Por isso, faço um convite a todos os vereadores e cidadãos para que visitem a cadeia pública e conversem com o chefe do Depen local. Assim, poderão ver de perto as condições degradantes desse espaço e compreender a urgência da mudança”, finalizou.
Com informações de Câmara de Vereadores